Quando vejo as polêmicas jogadas estrategicamente em nossas rodas de conversas, já sei que se trata de aparelhamento ideológico. Primeiro eles jogam a fala solta e controversa, depois eles a retomam em contexto favorável, ainda que ambíguo, e saem como os cordeiros enquanto os lobos são seus opositores. Eles estão fazendo a capa de população amável e familiaresca, já seus desiguais seriam os odiosos e degenerados. Por outro lado, são sempre notícia dentro e fora de seus nichos discursivos (ideológicos). São sempre as mesmas posições, do mesmo lado e de forma clara. Poderemos nos acostumar com esse discurso de tal modo que ele seja ainda mais naturalizado? Sem dúvida! Ignorar de forma estratégica, não reagir de forma cautelosa, silenciar em suas próprias sessões discursivas, não ouvir em suas rodas mais caras pode ser o maior trunfo. Não digo que devemos fingir que não estamos vendo, mas precisamos sufocar a audiência, apagar as luzes do espetáculo deles para não inflá-los. O caminho é complexo mais necessário porque tudo que eles querem é se espalhar na mídia de tal sorte que dominem todos os espaços de discussão sem qualquer esforço de violência aparente, mas através da violação simbólica que produzem ao garantir força aos seus preceitos cruéis. Meu medo é que esse mal se banalize em nós que estamos do lado daqui, em nós que nos afastamos deles por hora. O mal se banaliza mais rápido do que imaginamos.
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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA