''Acordei. Peguei o celular. Ignorei as mensagens dos grupos. Fui direto para o papo com ela. Mandei “bom dia” acompanhado de uma carinha fofa. Larguei o celular. Levantei. Cumpri o ritual das manhãs. Dentes. Banho. Roupa. Enquanto tomava uma enorme xícara de café, olhei novamente o telefone. Dois tiques azuis no meu “bom dia”. Nenhuma resposta. Guardei a leve chateação. Fui para as obrigações. 45 minutos depois. Olhei o celular. Nada. 2 horas mais tarde. Nada. Intervalo para o lanche. Troquei mensagens com amigos. Dei risada em alguns grupos. Fui novamente no papo com ela. ONLINE. Nenhuma palavra. Nada. Absolutamente nada. Deixei o orgulho de lado. Mandei aquela carinha com o polegar e o indicador no queixo. Funcionou. Ela respondeu. “Bom dia, tudo bem com vc???”. Ufa. “Tudo tudo. E como vc passou de ontem pra hj?”. 2 minutos. 5 minutos. “Tô na correria aqui dpois nos falamos bj”. Poxa. “Ok, linda. Tô por aqui, é só chamar. Bjo”. Voltei para os afazeres. Saí para o almoço. Voltei do almoço. Rodei pelo Facebook. Ela postou uma foto com um amigo. Será que eu curto? Curti. Será que comento? Não. É demais. Abri mais uma vez o papo com ela. ONLINE. E nada de falar comigo. Nada. Passei a tarde fingindo me importar com outras coisas. Caiu a noite. Nada dela. Fui pra casa. Nada. Vi um episódio de Friends. Achei chato. Deitei para dormir. Abri o papo. ONLINE. Mandei o orgulho definitivamente às favas. Arrisquei uma frase. Apaguei. Arrisquei outra. Apaguei. Uma terceira. E enviei. “Acabei de ver um episódio de Friends. Nossa!”. Tentei parecer despreocupado. Relaxado. Tranquilo. 2 minutos. 5 minutos. 7 minutos. ONLINE. “Acontece hahahaha”. Só isso. Nada mais. Ela não perguntou do episódio. Não perguntou do meu dia. Não continuou o papo. Ainda joguei um “hahahaha sim”. Larguei o telefone. Dormi chateado. Acordei. Peguei o celular. Abri o papo com ela. Não vou mandar “bom dia”. Acreditem se quiser. Mas ainda tinha me restado um pouco de dignidade.
Eu juro que reli umas 30 vezes os nossos papos para tentar achar onde foi que nos perdemos. Onde foi que eu a perdi? Por que ela "foi embora?" Por que ela parou de responder? Ainda no dia anterior, ela tinha me mandado uma música linda e criado um apelido fofo. O papo estava indo, sabe? Aquela conversinha legal em que a gente começa desvendar o outro. Tudo parecia estar bem... Foi além do sexo. Eu sei que foi. Mensagens diárias. Carinho. Parecia que ia ser coisa firme. Eu realmente pensei que fosse funcionar. Juro. Qualquer um pensaria pelo modo como estávamos indo. De repente, não mais que de repente, ela ficou evasivo. Fria. E sumiu. Sumiu. Sem explicações ou porquês. Uma dia, num papo delicioso, ela me falou que amava filme de terror. Até combinamos de ver no cinema.
Sabe, depois que eu vivi esse ghosting, comecei a refletir um pouco. A gente nunca pensou muito nas palavras de Bauman, mas talvez ele tenha razão. Os amores estão líquidos, frágeis, passageiros. Quantas vezes não foi eu quem retribuí gentileza com silêncio depois de alguns encontros? Quantos “olás” no Tinder eu nem abri? Se ficou tudo tão fácil para construir os laços, através de milhões de aplicativos, ficou igualmente fácil desatá-los. Numa infinidade de contatos e “ois”, a gente não sabe mais insistir ou se relacionar a longo prazo. Quantos ghosting ainda irei viver? Quantas contatos irei manter? Quantos aplicativos terei? Quantos encontros nessa semana? Quantas relações online de 15 dias? Quanto eu ainda vou me afetar? Quanto eu vou afetar alguém?
Acordei. Cumpri o ritual das manhãs. Enquanto tomava café na xícara, olhei o celular. Respondi a dois “bom dia” que recebi dos contatinhos. Será quanto tempo eles vão durar?"
- A era dos amores líquidos... Alguém se identifica?
Autor desconhecido
Eu juro que reli umas 30 vezes os nossos papos para tentar achar onde foi que nos perdemos. Onde foi que eu a perdi? Por que ela "foi embora?" Por que ela parou de responder? Ainda no dia anterior, ela tinha me mandado uma música linda e criado um apelido fofo. O papo estava indo, sabe? Aquela conversinha legal em que a gente começa desvendar o outro. Tudo parecia estar bem... Foi além do sexo. Eu sei que foi. Mensagens diárias. Carinho. Parecia que ia ser coisa firme. Eu realmente pensei que fosse funcionar. Juro. Qualquer um pensaria pelo modo como estávamos indo. De repente, não mais que de repente, ela ficou evasivo. Fria. E sumiu. Sumiu. Sem explicações ou porquês. Uma dia, num papo delicioso, ela me falou que amava filme de terror. Até combinamos de ver no cinema.
Sabe, depois que eu vivi esse ghosting, comecei a refletir um pouco. A gente nunca pensou muito nas palavras de Bauman, mas talvez ele tenha razão. Os amores estão líquidos, frágeis, passageiros. Quantas vezes não foi eu quem retribuí gentileza com silêncio depois de alguns encontros? Quantos “olás” no Tinder eu nem abri? Se ficou tudo tão fácil para construir os laços, através de milhões de aplicativos, ficou igualmente fácil desatá-los. Numa infinidade de contatos e “ois”, a gente não sabe mais insistir ou se relacionar a longo prazo. Quantos ghosting ainda irei viver? Quantas contatos irei manter? Quantos aplicativos terei? Quantos encontros nessa semana? Quantas relações online de 15 dias? Quanto eu ainda vou me afetar? Quanto eu vou afetar alguém?
Acordei. Cumpri o ritual das manhãs. Enquanto tomava café na xícara, olhei o celular. Respondi a dois “bom dia” que recebi dos contatinhos. Será quanto tempo eles vão durar?"
- A era dos amores líquidos... Alguém se identifica?
Autor desconhecido
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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA