Meu caminho acontece o dia todo, mas às vezes meu ocaso vira acaso e saio de rota. São dias na contra-mão. Eu pareço sair e penso em me perder de mim. Cair fora dessa mesmice que eu fiz de mim e me reparir. Sabe, eu me mandaria para chuva e depois pegaria um banho de sol. Eu dormiria de dia e ficaria acordada admirando a dona Lua. No entanto, às vezes eu quero é me descobrir, assim como sou. Se o meu mundo tem cavernas, tem oceanos, se o céu daqui tem cores e se meu mar é profundo. Nem penso em alcançar esses limites - gosto de pensar que são linhas imaginárias. Então, onde eu chegar foi a minha viagem - quero crer que fui longe e assim explorei o que nem podia intuir. Nessas horas eu sou meu destino, e nem sempre o meu destino é meu. São o céu e o mar a minha bússola! Eles me ensinaram a me perder, fugir, seguir e infinitamente redefinir a rota. Quem me conhece até confunde a minha determinação com definição ou coisa igual. Mas não, sou ímpeto! Ego volo sine qua non ego cogito! [Eu desejo sem o qual não pode ser eu aprendo]. Então me lanço e talvez alcanço o mar que busco, pirateando no meu barco sem vela. Então, descanso e nas minhas penas sinto o vento, pairo.
Hilda freitas
Hilda freitas