O caminho entre nós está necessariamente demarcado de zero ao potencial elevado ao quadrado de 10 vezes alguma coisa. Enquanto ela solta pirueta no ar, eu tenho preguiça de elevar a pestana do olhos e perder a cabeça. O fogo e o perigo de ser tocada excitam a mente e arrepiam pelos. A água e o medo de ser consumida endurecem os músculos e a pele esfria esvaindo o que pudesse ser dúvida. Ela, não tenho medo de olhar; enquanto eu sou dela monstruosidade silêncio e erro. A catástrofe de amar o contraditório se instaura antes que se possa lutar contra.
O prazer dá medo, constrange e confunde a mente aturdida. A morte é motivo de dor do qual se foge por causa óbvia da própria existência. Como se move para o prazer quando ele machuca? Por que se busca na morte o sentido de vida? O complexo da fênix, no ensinamento do analista inspira essa loucura de amor na noite desse dezembro fatalista. Onde não se pode ter paz, não se demore: lê-se no letreiro em destaque diante da vista. Entretanto, se não for a morte propriamente dita? E se for apenas metaforicamente o prazer em desmedida?
Quando se busca na morte conotativa um motivo para se recomeçar, há vontade de permanecer viva. O milagre de se vencer o perigo de um dia partir está na certeza do agora já que vivente se respira. E o prazer apavorante tomado pela fantasia de dor por perda é reconfortante quando vivenciado por uma reciprocidade jamais concebida.
A tragédia está aí, pois o prazer não é mútuo, não se traduz em uma reciprocidade oferecida. O que possibilita alguma comédia triunfante nesse desencontro de amor no qual final feliz não se concretiza. Então, nem o fim se pode de fato dizer que exista. Talvez, o incerto instaure um eterno inacabado desfecho. Tudo que há de insano ao amor se apraz.