"O novo sempre vem" ou "e o passado é uma roupa que não nos serve mais"...ou sobre Belchior, "Como nossos pais", "Velha roupa colorida" e a vida Real.
Enquanto assistia o comercial da Volkswagen, lembrava chorando de duas figuras lindas da minha vida: Tio João e sua Combi e Tio Milton e seu Gol branco quadradinho...
Ah, a vida, como ela nos prega peças...afinal, Belchior já dizia "o presente, a mente, o corpo é diferente e o passado é uma roupa que não nos serve mais". Naquele instante, eu pensei que isso fosse ruim, mas senti uma inexplicável alegria. Seria a arte uma forma de cura?
A combi em que fomos em família tantas vezes para salinas...o tio Milton que sempre foi tão feliz...e a "roupa colorida" de Belchior que insiste em dizer "mas é você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem".
Afinal...o novo sempre vem...e nos dá medo! Medo de que o passado seja esquecido, medo de que algo em nós se perca; entretanto, Belchior tinha razão: "você me pergunta pela minha paixão...digo que estou encantado como uma nova invenção "...a vida sempre arranja um jeito de nos encantar, de nos apaixonar de novo e, por ser assim, "viver é melhor que sonhar".
E eu também sei que "qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa", Belchior...nem ele nem eu vamos voltar ...nem Belchior vai voltar pro sertão...e eu vou estar na cidade onde a vida puder me encantar de novo e sempre e outra vez, enquanto eu durar, mesmo se doer.
Por tudo isso, eu precisava dizer, nenhuma música ou compositor ou arte pertence a um lugar, a um tempo ou a uma única memória. ..e as invenções vão continuar, sabe...IA, pen-drive, o vinil e o "toca fita", nada foi suficiente para apagar a memória, a "tecnologia" do abraço, a certeza da história e a liberdade da gente.
Mas o medo de que o novo seja tão melhor que nos "vença", nos deixe fora de moda, é atual. Sentimos esse medo "Como nossos pais", mas "precisamos todos rejuvenecer".
Como uma apreciadora das literaturas, da arte na escrita, que se comove com as coisas, eu argumento: deixe a arte ser. Não tema, o novo não vai doer.